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11/04/2017 - Diálogo entre Judiciário e mídia é tema de curso na capital

Aconteceu entre os dias 5 e 7 de abril o curso “Judiciário e mídia: um diálogo a ser aperfeiçoado”, promovido pela Escola de Magistrados da 3ª Região (EMAG) e coordenado pelo desembargador federal Fausto Martin De Sanctis. O evento contou com a participação dos jornalistas Willian Waack, Rodrigo Bocardi e Ricardo Boechat, além de especialistas da área do Direito que abordaram maneiras de aprimorar o relacionamento com a imprensa.

A abertura foi conduzida pelo desembargador federal Carlos Muta, diretor da EMAG, que falou sobre a importância de se debater, no âmbito do Poder Judiciário, temas como comunicação e transparência. 

O jornalista William Waack, primeiro palestrante, disse que é fundamental entender o papel do Judiciário e da imprensa na atual crise que o país atravessa. “Parece que tanto a imprensa, quanto o Judiciário ainda se desconhecem. Elogio a iniciativa desse curso porque ele aproxima e integra duas importantes instâncias da democracia brasileira”, afirma. 

Já o advogado Renato Opice Blum apresentou aos servidores e juízes que participaram do evento uma visão geral do Marco Civil da Internet (Lei n° 12.965/14), destacando avanços e retrocessos dessa recente lei. Em seguida, foi a vez do delegado da Polícia Federal Rodrigo Sanfurgo, que abordou os riscos decorrentes do vazamento de informação durante as investigações.

“Temos a responsabilidade de informar a sociedade sobre o nosso trabalho - o que não pode ser confundido com vazamento. Mas, ao mesmo tempo que divulgamos quem somos e o que estamos fazendo, precisamos proteger o sigilo da informação e respeitar limites para que os resultados das investigações sejam positivos”, explica o delegado.

No segundo dia, o professor Luiz Flávio Gomes falou sobre ética e ressaltou as contribuições da operação Lava Jato ao país. “A Lava Jato é uma inovação. Mudou a forma de se fazer o processo e de se produzir provas. Ela está trazendo uma esperança de mudanças para o Brasil. É a luz que vejo no fim do túnel. Sem a Lava Jato eu não conseguiria ver nem mesmo o túnel”, dispara Luiz Flávio Gomes.

O jornalista Rodrigo Bocardi mostrou aos participantes o dia a dia de uma redação e o caminho que a notícia percorre até ser divulgada. Ele também debateu maneiras práticas de se relacionar com a imprensa, citando exemplos e compartilhando experiências de sua carreira.

O terceiro palestrante foi o procurador-regional da República, Carlos Fernando dos Santos Lima, membro da força-tarefa da Lava Jato. Ele destacou a relevância da adoção de uma política de comunicação no Ministério Público Federal, principalmente pela exposição que o órgão passou a ter na mídia por conta da operação. 

Media Training 

Além das palestras, o curso contou com um treinamento de mídia, voltado exclusivamente para magistrados. A equipe de imprensa da Justiça Federal da 3ª Região tratou de aspectos ligados à imagem da instituição, reflexos das decisões judiciais na sociedade, linguagem técnica, mensagens-chave, entre outros assuntos.

Houve ainda uma oficina de gestão de crise e um circuito de mídia em que foram realizadas simulações de entrevistas em vários formatos. O intuito foi criar uma situação prática que pudesse ser objeto de avaliação e, posteriormente, transformada em um relatório de desempenho.

“O curso é extremamente importante porque nós, juízes, não temos preparo na faculdade para lidar com a imprensa, ou mesmo com um público que esteja além dos nossos processos”, afirma a juíza federal Ana Clara de Paula Oliveira Passos. Na opinião da juíza federal Gabriella Naves Barbosa, preparar os juízes para atuarem como porta-vozes também é importante para a própria imagem da instituição. Para o desembargador Fausto Martin De Sanctis, em certos momentos o juiz precisa se expor e mostrar o seu trabalho, que às vezes é mal compreendido ou não é bem retratado pela imprensa.

O encerramento do evento contou com uma palestra para os magistrados que participaram do media training, feita pelo jornalista Ricardo Boechat. Segundo ele, a abertura do Judiciário e de outros órgãos públicos para a imprensa ocorre como consequência natural do processo de conexão instantânea das pessoas através das novas mídias. “Com tudo isso acontecendo, seria impossível que as instituições e seus representantes permanecessem isolados dessas demandas e dessas mudanças, progredindo nessa direção”, pontua. (JSM)

Fotos: Jefferson Messias / Kátia Serafim

Publicado em 13/12/2017 às 18h35 e atualizado em 09/09/2024 às 16h52